27 de setembro de 2013

Pesquisadores da França, Estados Unidos, Brasil e Portugal discutem aprendizagem móvel em evento no Recife


O uso das tecnologias para fins educativos tem sido pauta constante de discussões, além de dividir opiniões. De um lado há quem discuta as consequências dos excessos tecnológicos postos em prática no dia a dia das pessoas, seja na escola ou fora dela. Do outro lado há aqueles que acreditam que o uso orientado traz mais benefícios do que ônus para as práticas de ensino e aprendizagem.

Tornar o uso das tecnologias um ponto de pauta foi uma grande conquista alcançada pelos especialistas através da promoção de debates em eventos, fóruns, nas salas de aula, redes sociais e outros espaços. Ao passo que novas tecnologias são lançadas, novos debates são produzidos a partir dos pontos de vista dos educadores formadores de opinião, cada vez mais críticos e antenados. Surge, então, a demanda pelo compartilhamento desses pontos de vista, informação relevante para a formação daqueles que ainda estão ingressando nesse novo cenário de debates.

Embora a tecnologia esteja disseminada fora da escola, aplicá-la em sala de aula ainda é um desafio para os professores. São poucos os que arriscam enfrentar o alto nível de prática dos alunos ou a falta de infraestrutura tecnológica adequada nas escolas. Aqueles que arriscam também esbarram em problemas como a falta de planejamento ou seleção inadequada dos recursos digitais. Em muitos momentos não se vai além do simples uso dos dispositivos eletrônicos.

Frente a essas dificuldades é natural que muitos professores optem por colocar o uso da tecnologia em cheque. Atualmente as maiores discussões têm sido geradas em relação ao uso dos dispositivos móveis – smartphones e tablets – dentro da sala de aula. Uma solução precipitada tem sido proibir o uso dos aparelhos na escola, mesmo sabendo que os alunos usam tais dispositivos para fins de aprendizagem, dentro ou fora da sala de aula, em diversos momentos ao longo do dia. Não se considera, assim, os benefícios do uso orientado desse tipo de tecnologia.

É com o objetivo de discutir a aprendizagem móvel dentro e fora da escola que acontece, entre os dias 13 e 15 de novembro de 2013, no Centro de Convenções da Universidade Federal de Pernambuco, a 5ª edição do Simpósio Hipertexto e 1ª edição do Colóquio Internacional de Educação com Tecnologias. Promovido pelo Núcleo de Estudos em Hipertexto e Tecnologias na Educação da Universidade Federal de Pernambuco (NEHTE/UFPE) e pelo Grupo Ciências Cognitivas e Tecnologia Educacional (CCTE/UFPE), o Simpósio Hipertexto é realizado através de parceria entre a Pós-Graduação em Letras e a Pós-Graduação em Ciências da Computação da Universidade.

PESQUISADORES

“A escola que temos não é a escola da qual precisamos”. É com esta afirmação que o pesquisador americano Jim Lengel abre o artigo em que define o conceito de Educação 3.0. Nele propõe uma reflexão sobre o atual modelo de educação que não atende às exigências do mundo do trabalho na era da tecnologia. “Os dispositivos móveis permitem que os alunos aprendam em novos lugares, em novos tempos e de novas maneiras. Com eles os professores podem publicar aulas em novos formatos, como o podcast, mais adequados à forma como os alunos aprendem hoje em dia”, afirma Jim Lengel. Essas e outras questões serão abordadas pelo especialista na conferência de abertura do Simpósio Hipertexto.

A pesquisadora portuguesa Ana Amélia carvalho, também conferencista internacional do Simpósio, acredita que a Web tem se tornado, cada vez mais, uma importante fonte de conteúdo tanto para ensinar como para aprender. “Escrever já não está mais limitado apenas ao texto verbal, integrá-lo a outros formatos tem se tornado uma tarefa cada vez mais fácil”, afirma a professora titular da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, especialista nos estudos sobre Podcasts.

Pela primeira vez no Recife estará o pesquisador francês Stephane Simonian. Professor da Université Lyon 2, Simonian analisa, com destacada ênfase na metodologia e no processo, os diferentes cenários que surgem a partir da convivência de professores e alunos em ambientes virtuais de aprendizagem. O pesquisador também é o responsável pelo campus digital FORSE (www.sciencedu.org) vinculado às universidades de Rouen, de Lyon 2 e ao centro de formação digital CNED.

José Manoel Moran, professor da Universidade de São Paulo (USP), abordará em sua conferência uma questão decisiva para os rumos da sociedade: como tornar viável a Educação Humanista, que enfrenta o desafio de reaproximar razão e emoção. “Quanto mais tecnologias avançadas, mais a educação precisa de pessoas humanas, evoluídas, competentes, éticas. A sociedade torna-se cada vez mais complexa, pluralista e exige pessoas abertas, criativas, inovadoras, confiáveis. O que faz a diferença no avanço dos países é a qualificação das pessoas. A educação com profissionais mais evoluídos nos mostrará caminhos mais avançados de integrar o humano e o tecnológico; o racional, sensorial, emocional e o ético; o presencial e o virtual; a escola, o trabalho e a vida em todas as suas dimensões”, afirma o pesquisador.

Fechando o time de conferencistas do Simpósio Hipertexto e Colóquio Internacional de Educação com Tecnologias está o pesquisador Luciano Meira. Luciano é colaborador do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (C.E.S.A.R), além de professor do Departamento de Psicologia da UFPE. Em sua obra, o professor propõe que a escola invista na aprendizagem de forma divertida. “A missão da escola não deveria ser ensinar, mas criar cenários de aprendizagem baseados em diálogo e diversão”, diz Luciano.


Inscrições – As inscrições para participação no 5º Simpósio Hipertexto e Tecnologias na Educação seguem abertas até o dia 10 de outubro e podem ser feitas no site http://www.simposiohipertexto.com.br. 

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